Cientistas criam adesivos com “partes” de lagartixas e mexilhões
mari dezembro 8th, 2008
Tecnologia combina réplicas sintéticas de estruturas e moléculas das duas espécies
Escalar tetos e paredes, aparentemente, não era suficiente. Além disso, os cientistas queriam algo que grudasse e desgrudasse, inclusive debaixo d’água. A solução foi cruzar a pata da lagartixa com a cola do mexilhão.
Assim nasceu o “lagartilhão”, um animal hipotético cujas características os pesquisadores acabam de reproduzir sinteticamente: um adesivo nanoscópico capaz de aderir a qualquer substrato, inclusive debaixo d’água.
A invenção, produzida por pesquisadores nos Estados Unidos, está descrita na edição de hoje da revista Nature. Nela, os cientistas conseguiram superar duas limitações das réplicas de patas de lagartixas (ou “gecos”) produzidas até agora: a perda de aderência e a incapacidade de aderir a superfícies submersas.
As lagartixas de verdade, é claro, não têm esse problema. São capazes de aderir a praticamente qualquer superfície (vertical ou horizontal) quantas vezes quiserem, sem prazo de validade. Isso graças a micropêlos presentes em suas patas, que formam interações físico-químicas com o substrato no qual caminham.
Faz tempo que cientistas tentam reproduzir essas estruturas em laboratório, combinando aplicações de nanotecnologia e física de materiais. Alguns até conseguiram, mas com certas limitações. Os adesivos com nanopêlos sintéticos produzidos até agora perdem a aderência após algumas repetições de uso – como uma fita adesiva que perde sua cola quando é usada mais de uma vez.
Já o novo adesivo demonstra desgaste muito menor, podendo ser colado e descolado mais de mil vezes – inclusive debaixo d’água. O ingrediente secreto é uma camada de polímeros aderentes copiados da cola do mexilhão e aplicados sobre os pêlos sintéticos.
“Até onde sabemos, nenhum outro adesivo mimético de lagartixa demonstrou eficácia por mais de alguns ciclos de contato, e nenhum demonstrou funcionar debaixo d’água”, escrevem os cientistas, no trabalho liderado por Phillip Messersmith, da Universidade Northwestern.
A tecnologia ainda está longe das dimensões necessárias para uso comercial, mas poderá um dia ser usada em aplicações médicas, industriais e militares, segundo os cientistas.
Herton Escobar
Quinta-feira , 19 de Julho de 2007
O Estado de São Paulo
É impressionante como os animais nos ensinam, seja na dimensão comportamental, como: chimpanzés que demonstram entender o que queremos e expressam suas vontades com o mouse de um computador, ou na dimensão física como: pássaros que serviram de exemplo para a construção dos planadores, crocodilos que inspiram cientistas a pabricarem roupas especiais para nadadores… Ainda tem muito a contribuir.